Gestão de Pessoas

Como saber se o meu
salário é justo?

Como saber se o meu salário é justo?

Por: Nayra Novais -

O que deve ser analisado quando a pergunta é: Meu salário é justo?

Por várias vezes já ouvi pessoas reclamando de seus salários, falando que estão ganhando pouco, ou que os seus ganhos não fazem justiça ao seu desempenho. Até aqui, tudo bem, esta é realmente a realidade de muitos profissionais no Brasil. 

Nada dessa história soaria estranho se não fosse o fato de, em grande parte das vezes, esta reclamação ter vindo de jovens recém contratados e sem nenhuma experiencia anterior de trabalho.  Pessoas que muitas vezes não chegam a ter 6 meses de empresa quando se frustram com seus ganhos e começam a reclamar de falta de reconhecimento. 

Pois bem, após uma longa conversa com uma colega que se enquadrava perfeitamente na situação relatada acima comecei a refletir sobre os fatores que são levados em conta quando falamos sobre remuneração, ou seja, o que leva um determinado cargo ou qualificação a ter um ou outro salário. 

Antes de seguirmos com este texto, é necessário esclarecer que a análise que se segue é fruto de observação e estudo de movimentos de mercado simplificados. 

Vamos avaliar o salário sob duas perspectivas.

1º – Quanto a estrutura da empresa:

Imagine comigo que você não tem nenhuma experiencia de trabalho, nem cursos profissionalizantes, então, depois de algumas semanas de procura acaba sendo contratada como auxiliar em uma pequena gráfica. Para sua surpresa o ambiente é totalmente desorganizado, o dono da empresa é quem resolve tudo, e todos na empresa fazem dezenas de funções. 

Sua função como auxiliar é dar apoio a produção, organizar o ambiente e manter a limpeza do local de trabalho, porém, proativo e comunicativo, você começa a ajudar também a ajudar nas vendas quando seu patrão está muito atarefado. 

Após os 3 primeiros meses, você, tendo em mente que está fazendo mais do que suas atribuições, pede um aumento ao seu chefe, que neste momento pensa: “bom, ele tem ajudado e meu dia está um pouco mais fácil, então, nada mais justo que conceder um pequeno reajuste salarial.”.

Maravilha, seu bom trabalho foi reconhecido, no entanto, sua função continua como “Auxiliar”, e você continua sem conhecimentos técnicos importantes. 

Vamos agora adiantar nossa pequena história 1 ano no tempo. Depois de um ano e três meses na empresa você se sente desvalorizado, sente que trabalha demais e não recebe o suficiente, que está sendo subestimado. 

Aqui é que começam os nossos problemas.

Para entendermos este movimento e sua insatisfação vamos inverter a visão desta relação. Imagine um jovem senhor chamado “João” de 62 anos, como sendo o seu patrão. A empresa do sr João tem uma receita mensal de R$ 20.000,00 sendo que além de você, a empresa tem mais 2 funcionários. 

Os dois funcionários mais antigos têm um salário de R$ 3.000,00 cada, e você tem um salário de R$ 1.500,00. Tirando encargos, impostos e custos de operação o Sr João consegue tirar apenas R$ 3.500,00 mensalmente de sua empresa. 

Sendo assim, por mais que o Sr João queira que seus funcionários cresçam e ganhem mais dinheiro, todo e qualquer aumento salarial depende diretamente do aumento do faturamento da empresa, caso contrário, cada centavo de aumento que ele conceder será retirado dos seus próprios ganhos. 

Vendo este exemplo em especial, todo e qualquer esforço que você execute na empresa, que não seja revertido em aumento da receita ou redução dos custos de operação, é necessariamente um esforço que não poderá ser transformado em aumento salarial, já que isso reduziria a margem de ganhos do próprio dono da empresa. 

Ou seja, muitas vezes nós desejamos um aumento salarial ou um reconhecimento que não cabe na estrutura de empresa da qual fazemos parte. Uma promoção, um aumento salarial ou uma bonificação que não é resultado de uma redução de custos ou aumento de receita, sai inevitavelmente, dos ganhos diretos dos donos ou acionistas da empresa.  

2º – Quanto as competências e exigências do cargo:

Pegando exatamente o mesmo exemplo, um profissional que não tenha experiência prévia e nem tenha um curso profissionalizante, salvo algumas regulamentações, o mercado é regulado por si mesmo. Ou seja, uma pessoa com as características que citamos acima somente conseguira vagas especificas, normalmente em níveis iniciais e com baixos salários. 

Isto acontece porque a média salarial de um determinado cargo leva em conta fatores como: competências técnicas necessárias, complexidade das tarefas, responsabilidade assumida, periculosidade, busca pela vaga, etc. 

Desta forma, um cargo onde as tarefas são simples não sendo necessários conhecimentos específicos, com baixa periculosidade e com muitas pessoas a procura desta oportunidade, vai invariavelmente oferecer salários próximos ao mínimo estabelecido por lei

Neste caso, o caminho para se ter um aumento salarial é a mudança de cargo ou até mesmo de carreira por meio da busca de novos conhecimentos e habilidades.

Espero que você tenha percebido que, as promoções, bonificações e aumentos salariais dependem diretamente da estrutura da empresa na qual você está, e também do quão qualificado e especializado você se torna. Lembrando sempre que o seu crescimento muitas vezes está atrelado a redução de custos ou ao aumento de receita da empresa.